Fruticultores catarinenses devem colher quase 500 mil toneladas de maçã na safra 2023/2024
Maior produtor de maçãs do Brasil, Santa Catarina espera colher 495,7 mil toneladas da fruta nesta safra, de acordo com informações do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) disponíveis neste Observatório. A colheita da maçã na microrregião dos Campos de Lages foi aberta, oficialmente, no último sábado, com evento realizado em São Joaquim, município que concentra a maior área plantada com a fruta no Estado.
A colheita em andamento deve ser menor do que a da safra anterior (2022/2023). Conforme explica o analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa, Rogério Goulart Junior, a estimativa atual da Epagri/Cepa, para a safra 2023/2024, é de redução de 11% na produção em relação à última safra. Isso se deve, especialmente, a uma perspectiva de produtividade média estadual de 31,2 mil quilos por hectare. “As condições climáticas adversas, como chuvas excessivas, granizo e temperaturas irregulares, impactaram a produção de maçã em diferentes microrregiões produtoras de Santa Catarina, como Campos de Lages, Joaçaba e Curitibanos”, afirma o analista.
Segundo ele, as microrregiões enfrentaram desafios durante o ciclo de cultivo, especialmente com as chuvas excessivas e ocorrências de granizo, que causaram problemas na fase de floração, polinização e maturação. Também houve incidência de doenças e o atraso na colheita das frutas. A microrregião dos Campos de Lages, onde se localiza São Joaquim, foi a mais afetada, o que deve levar a uma redução de 13,6% na produção. Na microrregião de Curitibanos a estimativa é de uma redução de 2,6% e na microrregião de Joaçaba é prevista uma safra 0,2% menor do que a de 2022/2023.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2022 Santa Catarina foi responsável por cerca de 54,6% da produção nacional de maçãs. Na safra 2022/2023, os produtores catarinenses colheram cerca de 557 mil toneladas de maçã em uma área de 15,3 mil hectares e produtividade de 36,2 mil quilos por hectare. Conforme dados da Epagri/Cepa, o preço médio recebido pelos produtores ficou em R$ 1,50 por quilo da fruta. Com isso, o Valor Bruto da Produção (VBP) de maçãs chegou a R$ 876,3 milhões. Esse valor foi 4,2% superior ao registrado na safra anterior. Dados detalhados sobre o volume produzido, a produtividade e os preços pagos aos produtores podem ser consultados no Boletim Agropecuário e aqui no Observatório Agro Catarinense, onde os dados levam em consideração as três principais regiões produtoras.
Aposta na produção de maçã
A região da Serra Catarinense conta com cerca de 2,7 mil produtores de maçã, a maioria agricultores familiares. A produção gerou, na safra passada, um valor bruto (VBP) de R$ 545 milhões. Na região, são produzidas 85% da maçã Fuji e 80% da maçã Gala do Estado.
Um desses produtores é Valdir Marafigo, que tem sua propriedade no interior de São Joaquim. Ele conta que a família trocou a produção de batatas pelo pomar de maçã.
“Meus parentes foram trocando para a maçã e aí a gente viu que a fruta tem mais futuro. Faz oito anos que a gente faz a plantação em dois hectares aqui da minha propriedade. A coisa melhorou muito pra nós porque o serviço é mais tranquilo. Toda nossa renda sai daqui e agora não vamos mais sair da produção de maçã”, diz o agricultor.
A abertura da safra da maçã, em São Joaquim, aconteceu na Estação Experimental da Epagri e no Parque Nacional da Maçã. Participaram do evento a governadora em exercício, Marilisa Boehm, o secretário de Estado da Agricultura e Pecuária, Valdir Colatto, o presidente da Epagri, Dirceu Leite, além de representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), outras autoridades e lideranças ligadas ao setor, produtores da região, parlamentares e convidados.
Maçã Fuji da região de São Joaquim
Em 2021, a Maçã Fuji da Região de São Joaquim conquistou o registro de Indicação Geográfica (IG) na modalidade Denominação de Origem (DO), concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A qualidade da fruta produzida na região é reconhecida devido às características exclusivas e essencialmente ligadas ao meio geográfico, incluindo os fatores naturais e humanos, e o processo de produção desenvolvido há mais de cinco décadas. A maçã Fuji produzida na região fria do Brasil se destaca pelo sabor e qualidade.
A conquista de Indicação Geográfica destaca que a maçã Fuji produzida na região de São Joaquim é diferenciada das outras produzidas no País, valorizando sua história e características.
*Com informações da Agência de Notícias da Secom e da assessoria de imprensa da Epagri