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20/11/2023 | Mercado Agropecuário

Chuvas em SC: Epagri/Cepa estima redução de 28% na produção de trigo no Estado

Dado diz respeito à redução em relação à safra anterior Por Observatório Agro Catarinense

Em Santa Catarina, o trigo está em fase final de colheita e deve ter redução de 28% na produção, em relação à safra anterior, devido ao excesso de chuvas em outubro. O produto colhido também poderá ter a qualidade comprometida, o que deve impactar na remuneração do produtor. Essas informações estão no Boletim Agropecuário de novembro, publicação mensal do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) que reúne informações conjunturais sobre alguns dos principais produtos agropecuários de Santa Catarina. Além disso, os dados atualizados são disponibilizados, também, no site deste Observatório e no Infoagro.

Lavoura de trigo alagada
Alagamentos foram registrados em algumas lavouras (Foto: Divulgação/Epagri).

Confira mais detalhes sobre a produção e o mercado dos produtos monitorados pela Epagri/Cepa no mês de outubro: 

Arroz

A produção estimada para a safra 2023/2024 de arroz em Santa Catarina é de 1,245 milhão de toneladas, a ser absorvida pela indústria. A demanda desse setor gira em torno de 1,5 milhão de toneladas, em sua maior parte suprida pela produção do Estado e o restante pelos países do Mercosul (Uruguai e Paraguai) e pelo Rio Grande do Sul. 

Em função das chuvas das últimas semanas, algumas áreas deverão ser replantadas, especialmente no Alto Vale do Itajaí. Nas demais regiões do Estado, os prejuízos ainda são pontuais e as lavouras tendem a se recuperar até o final do ciclo. No entanto, destacam-se relatos de dificuldade de execução de tratamentos fitossanitários em função das chuvas, o que tende a resultar em problemas no decorrer da safra. A falta de luminosidade devido aos dias nublados e ausência de períodos ensolarados pode impactar em dificuldades de desenvolvimento e estabelecimento da cultura.

Feijão

No mês de outubro, o preço médio mensal recebido pelos produtores catarinenses de feijão-carioca fechou em R$151,78 a saca de 60kg, redução de 0,25% em relação ao do mês anterior. Para o feijão-preto, o preço médio permaneceu estável, fechando a média mensal em R$215,66/sc de 60kg. Na comparação com outubro do ano passado, o preço médio da saca de feijão-carioca, em termos nominais, está 38,95% mais baixo. Para o feijão-preto, registou-se um incremento de 19,35% na variação anual.

Nesta safra, o clima será o fator fundamental para a formação de preços. Com uma safra incerta no Sul do país, produtores e compradores têm dificuldade para determinar preços. Outro aspecto importante está relacionado à qualidade do produto colhido que, devido ao excesso de umidade, está suscetível ao aparecimento de doenças. Contudo, os produtores estão tendo dificuldades em realizar os controles fitossanitários por causa do excesso de chuvas e da umidade no solo, o que dificulta a entrada dos equipamentos nas lavouras.

Milho

Os fatores que ainda influenciam no mercado do milho, neste final de ano, são os recordes de produção na safra 22/23, que disponibiliza estoques satisfatórios para as agroindústrias. No entanto, o volume das exportações no ano se aproxima de 43 milhões de toneladas (acumulado até out/2023), fato que pode favorecer a recuperação dos preços devido à redução da oferta no mercado interno.

Sobre a safra 2023/2024, os primeiros números mostraram uma redução de 4,1% na área cultivada na primeira safra, na comparação com a safra anterior. No início de novembro as estimativas da safra de milho catarinense foram atualizadas e houve uma revisão da produtividade, que passou de 8,83t/ha para 8,41t/ha. As condições climáticas do início da safra reduzem o prognóstico do rendimento inicial pois o excesso de chuvas inundou as lavouras já em desenvolvimento, atrasou o plantio e está dificultando os tratos culturais. Outro fator que reduz o potencial produtivo são os dias nublados que impedem a fotossíntese.

Soja

O total de soja produzida em Santa Catarina vem apresentando um crescimento contínuo na última década. A estimativa inicial para a safra 23/24 confirma o fenômeno já que a área plantada deve crescer 1,7% na comparação com a safra anterior. A produção total prevista é de 2,89 milhões de toneladas na primeira safra. No relatório atual,  a estimativa de produção total do Estado foi reduzida para 2,73 milhões de toneladas, em função das chuvas intensas e do atraso no plantio que devem impactar a produtividade e a produção total. 

Quanto à área, foi realizado ajuste em regiões específicas. A Epagri/Cepa está mapeando a área de soja no Estado por sensoriamento remoto/imagens de satélite. Este mapeamento forneceu os elementos para os ajustes na área de cultivo atual. Dessa maneira, os números estarão mais próximos da realidade de campo. No próximo relatório a produtividade e produção serão atualizadas (conforme levantamento de campo) e  novas reduções da produção nas regiões podem ser registradas.

O analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri /Cepa, Haroldo Elias, falou das expectativas para a safra de grãos  2023/2024 em Santa Catarina no Pense Agro, o podcast do Observatório Agro Catarinense. Ouça aqui.

Cebola

Após a ocorrência das chuvas de outubro, a produtividade média esperada para a cebola passou de 30.039kg/ha para 22.513kg/ha, redução de 25,05%. A colheita das variedades superprecoces já se iniciou nas regiões de menor altitude do Alto Vale do Itajaí. De acordo com o levantamento do Projeto Safras da Epagri/Cepa, 3,7% da área plantada no Estado já foi colhida, especialmente em Tijucas e na Serra do Tabuleiro.

O analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri /Cepa, Jurandi Gugel, falou das expectativas da safra 2023/2024 de cebola em Santa Catarina no podcast Pense Agro. Ouça aqui.

Alho

A safra catarinense 2023/2024 se encontra em fase final de desenvolvimento vegetativo. Aproximadamente 60% está em maturação e 40% na fase final da bulbificação. Após a ocorrência das fortes chuvas nos últimos 30 dias, a Epagri realizou o levantamento de perdas na cultura e concluiu ter sido fortemente afetada pelos eventos climáticos: 25% das lavouras foram consideradas ruins e 30% médias. As perdas de produção e qualidade, em relação à estimativa do mês setembro, são significativas.

Na safra atual, a área plantada é de 995 ha, redução de 58,64% em relação aos últimos seis anos. A produção inicialmente esperada era de 10.797 toneladas e a produtividade de 10.821kg/ha. A ocorrência das fortes chuvas provocadas pelo fenômeno El Niño reduziu as expectativas de produção para 8.031 toneladas, com uma produtividade de 8.071kg/ha.

Maçã

As cotações da maçã de origem catarinense apresentaram valorização na Ceasa-SC entre setembro e outubro. Nas centrais de abastecimento nacionais, houve valorização da Ceasaminas e desvalorização na Ceagesp. Em outubro, os preços da fruta catarinense estão mais elevados que os do ano anterior. Entre janeiro e outubro de 2023, do volume comercializado de maçã nas centrais de abastecimento, 80% do total são de maçãs de origem catarinense (252,8 mil toneladas). O valor negociado com a fruta catarinense foi de R$ 1,77 bilhão, representando 70% do total negociado da fruta nas centrais brasileiras.

Na produção estadual, a partir do acompanhamento de calendário agrícola do Cepa, são esperados 48,8% de maçã Fuji, aumento de 5,7% em relação à safra anterior. Atualmente, 66% dos pomares da variedade estão em floração e 34% em fase de frutificação. Para a maçã Gala, com 49,3% da produção, é estimada redução de 7,8% na produção em comparação com a safra 2022/2023. Para essa variedade, 58% dos pomares estão em estágio de floração e 42% em frutificação. Para as maçãs precoces, com 2% da produção estadual, estima-se uma redução de 7,2% na produção em relação à safra anterior. Atualmente, 100% da área plantada com maçãs precoces está na fase de frutificação.

Em outubro, a expectativa da safra 2023/2024 em relação à anterior é de redução de 10,3% na produção. Na microrregião dos Campos de Lages, mesmo com novas áreas, espera-se uma redução de 13,6% na produção devido aos efeitos adversos dos eventos climáticos e meteorológicos de outubro de 2023. Em Joaçaba é estimada redução de 2,2% em comparação à safra 2022/2023. E em Curitibanos, com novas áreas e menor efeito dos eventos climáticos nos pomares, a estimativa é de aumento de 18% na produção.

Aves

Em outubro, Santa Catarina exportou 83,1 mil toneladas de carne de frango (in natura e industrializada) – queda de 3,2% em relação às exportações do mês anterior, mas alta de 3,3% na comparação com as de  outubro de 2022. As receitas foram de US$160,1 milhões – queda de 4,5% em relação às do mês anterior e de 12,0% na comparação com as de outubro de 2022.

O valor médio da carne de frango in natura exportada pelo Estado em outubro foi de US$1,836,71/t – queda de 1,9% em relação ao do mês anterior e de 16,3% na comparação com o valor de outubro de 2022. No acumulado de janeiro a outubro, Santa Catarina exportou 902,0 mil toneladas, com receitas de US$1,91 bilhão – altas de 6,6% em quantidade e de 5,2% em valor, na comparação com as do mesmo período do ano passado. O Estado foi responsável por 23,4% das receitas geradas pelas exportações brasileiras de  carne de frango nos 10 primeiros meses do ano.

Bovinos

Segundo os dados da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), sistematizados pela Epagri/Cepa e divulgados no Observatório Agro Catarinense, em outubro o Estado abateu 56,5 mil bovinos, crescimento de 3,% em relação aos abates do mesmo mês de 2022. No acumulado do ano (janeiro a outubro), foram abatidos 501,2 mil bovinos – queda de 3,5% em relação à  produção do mesmo período de 2022.

Os preços do boi gordo, na comparação entre os valores das primeiras semanas de novembro e os do mês anterior, apresentaram movimentos distintos nas duas regiões de referência em Santa Catarina: queda de 4,3% no Oeste e alta de 2,4% no Planalto Sul. Em relação aos preços de novembro de 2022, por sua vez, são registradas quedas em ambos os casos: -22,1% na região Oeste e -17,5% na região Planalto Sul.

Suínos

Santa Catarina exportou 46,9 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos) em outubro – queda de 15,9% em relação às exportações do mês anterior e de 8,9% na comparação com as de outubro de 2022. As receitas foram de US$ 105,0 milhões, queda de 17,6% em relação às do mês anterior e recuo de 19,0% em relação às de outubro de 2022.

No acumulado de janeiro a outubro, o Estado exportou 538,6 mil toneladas de carne suína, com receitas de US$ 1,31 bilhão – altas de 8,2% e 12,2%, respectivamente, em relação às do mesmo período de 2022. Santa Catarina respondeu por 55,9% das receitas e por 54,4% do volume de carne suína exportada pelo Brasil este ano.

Conforme os dados da Cidasc, em outubro foram produzidos no Estado e destinados ao abate um total de 1,42 milhão de suínos, crescimento de 2,3% em relação aos abates do mesmo mês de 2022. De janeiro a outubro deste ano, por sua vez, foram produzidos em Santa Catarina cerca de 15 milhões de suínos – alta de 3,2% em relação ao mesmo período de 2022.

Leite

Em outubro/23, as importações brasileiras de lácteos voltaram a aumentar. No acumulado de janeiro a outubro, a quantidade importada alcançou 228,3 milhões de quilos, o que representa um crescimento de 72,4% sobre os 132,4 milhões de quilos importados no mesmo período de 2022. Esses 228,3 milhões de quilos de lácteos, convertidos em equivalentes litros de leite, significam uma oferta de 1,765 bilhão de litros, que representa 8,1% da oferta total de leite inspecionado no Brasil.

Em outubro, houve nova queda nos preços dos lácteos no mercado atacadista, repercutindo negativamente nos preços aos produtores. Segundo os levantamentos da Epagri/Cepa, o preço médio recebido em novembro voltou a decrescer em relação ao do mês anterior, o que, aliás, vem ocorrendo desde junho.

Ouça aquipodcast que fala sobre as perspectivas para a pecuária leiteira catarinense. O entrevistado do Pense Agro é o  analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri /Cepa Tabajara Marcondes.

Leia aqui a íntegra do Boletim Agropecuário de novembro.

 

*Editado por Isabela Schwengber e Marcionize Bavaresco

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