Safra de alho superou 16 mil toneladas, mas preço segue em baixa
A safra de alho catarinense está em fase de comercialização e um desafio aos produtores é o preço, que está em patamares abaixo do custo de produção estimado para o Estado. Conforme dados do Projeto Safras, do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), a área plantada com alho na safra 2022/2023 foi de 1.490 hectares, com produção de aproximadamente 16,2 mil toneladas.
A produtividade ficou em torno de 10,9 mil quilos por hectare. Conforme dados disponíveis no site do Observatório Agro Catarinense, essa produtividade é superior ao registrado nas últimas oito safras.
Os preços pagos aos produtores em fevereiro tiveram uma redução em comparação com janeiro. O alho classes 2 e 3 passou de R$4,68/kg para R$3,90/kg, redução de 16,66%. As classes 4 e 5 tiveram preços médios pagos ao produtor de R$6,94/kg, redução de 17,57%. As classes 6 e 7 foram comercializadas a R$9,00/kg, redução de 15,73%. Esses são os menores preços pagos aos produtores desde que a Epagri/Cepa faz o monitoramento do mercado, que começou em dezembro de 2019. Os números, mês a mês, estão publicados no Observatório.
Mercado
Apesar do aumento da produtividade em comparação com as últimas safras, a redução na área plantada impactou a participação do estado na produção nacional. Nos últimos anos, a área foi de 2.406 hectares na safra 2018/2019 para 1.490 hectares na safra de 2022/2023, redução de 38,07%. Conforme o analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa, Jurandi Gugel, a redução na área plantada é decorrente do baixo retorno econômico que a cultura tem alcançado nos últimos anos.
Ele também explica que as importações registradas oficialmente não parecem ter originado a queda de preços. Isso porque, em fevereiro de 2023 foram importadas 13,09 mil toneladas de alho, redução de 12,20% em relação ao mês de janeiro. Comparado ao mês de fevereiro de 2022, a redução foi de 5,75%. “Como se pode observar, o ano de 2022 foi o de menor importação dos últimos anos, puxado pelo aumento da produção interna, pelo câmbio favorável, pelo alto custo do frete internacional e por uma melhor aceitação do alho nacional pelo consumidor brasileiro”, afirma Jurandi.
Porém, se as importações não foram o principal motivo dos preços baixos pagos aos produtores, a conjuntura internacional não aponta para uma recuperação significativa nos próximos meses. Segundo o analista, a Espanha, importante exportadora do produto, está com as vendas lentas e estoques maiores do que no ano passado devido à estagnação da demanda na Europa. Na China, há quantidade importante de alho refrigerado da última safra, situação que tem interferido no preço do produto e pode se agravar com a nova safra chinesa que se inicia em junho. Nos Estados Unidos, há excedente de alho ofertado, especialmente, pela Argentina e pelo Peru.